Este Blog destina-se à divulgação de trabalhos, notícias e outros textos relativos à toponímia das artérias de diversas localidades, nomeadamente de Loulé e da restante região do Algarve. Pretende-se assim, através da toponímia, percorrer a memória das ruas, largos, avenidas, ingressando na história e património das urbes.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Padre Júlio Tropa

O padre Júlio Tropa, falecido no transato dia 25 de janeiro de 2012, foi homenageado em reunião da Câmara Municipal de Faro, realizada nessa mesma data. Na mesma ocasião foi aprovado um voto de pesar pelo seu falecimento e deliberado consagrar o nome em dois topónimos:
     a)    Em Santa Bárbara de Nexe, ao arruamento que serve de variante a poente da aldeia e o centro social por ele criado, desde a rua de Loulé, até à Estrada da Alagoa, revogando-se a deliberação de 07/10/2005, através da qual este arruamento foi designado por Rua do Ribeiro, ainda que tal nunca tenha sido concretizado;
     b)    Em Estoi ao arruamento que sai da Rua João de Deus na lateral norte da Extensão de Saúde, que serve a futura Unidade de Cuidados Continuados.

Júlio Tropa Mendes
Natural de Mação (Santarém), nasceu a 26 de dezembro de 1934.

Distinto cidadão de Faro que esteve ao serviço da Paróquia de Santa Bárbara de Nexe, durante mais de 42 anos e da Paróquia de Estoi nos últimos 25 anos. Alcançou um carinho, simpatia e reconhecimento transversal que foi muito além dos limites de Faro. É incontornável a sua ligação e entrega às causas sociais. Exemplo disso são as obras dos Centros Comunitários de Estoi e de Santa Bárbara de Nexe, pelos quais lutou quando muitos já consideravam a causa perdida e hoje, o concelho de Faro, conta com estas valências de apoio social.

Durante a sua vida recebeu várias homenagens - da Diocese do Algarve, de cidadãos anónimos ou das freguesias onde desempenhou as suas funções. Em 2002 também a Câmara Municipal de Faro lhe prestou o devido reconhecimento público ao agraciá-lo com a Medalha de Mérito – Grau Ouro. 

Na homenagem que lhe foi prestada em agosto passado pela Junta de Freguesia de Estoi, Júlio Tropa usou a expressão bíblica: “Depois de teres feito o que devias fazer, considera-te servo inútil”, numa partilha de humildade que o caracterizava. Para ele tudo o que fazia era parte do papel que assumiu perante Deus.

Foi ordenado sacerdote na Igreja da Sé, em Faro, a 15 de julho de 1962 e não mais deixou o Algarve. Em 1969 foi para a paróquia de Santa Bárbara de Nexe onde permaneceu até ao fim dos seus dias, sempre com o mesmo vigor do jovem que aos 35 anos chegou para servir os fiéis daquela freguesia e acabou por servir todos os farenses.

Fonte:
http://www.cm-faro.pt/noticias/1688/pesar-pelo-falecimento-do-padre-julio-tropa.aspx


Mais 14 topónimos no concelho de Faro

Com vista à regularização de artérias e arruamentos sem toponímia e para corrigir situações anómalas foi aprovado, em reunião da Câmara Municipal de Faro de 22 de fevereiro de 2012, a atribuição de 14 novos topónimos no concelho, por proposta da Comissão Municipal de Toponímia.

As propostas aprovadas repartem-se por 4 das 6 freguesias do concelho (Sé, São Pedro, Montenegro e Conceição de Faro) e homenageiam personalidades ligadas a Faro.

Na freguesia de Sé:
Praceta Vivaldo Beldade – 1923-2001 – funcionário público e poeta. Com apenas a 4.ª classe a sua curiosidade e inteligência fez com que se tornasse um autodidata. Escreveu poesia, peças de teatro e colaborou com a imprensa regional. Mudou-se para Faro onde integrou a função pública e aos 47 anos voltou a estudar tendo concluído o curso de Administração e Comércio.
Praceta Boaventura Passos – 1885-1935 – escritor. Notabilizou-se como jornalista mas sobretudo como desenhador com grande notoriedade na caricatura e retrato.
Praceta Monteiro Simões – 1891-1946 – reitor do Liceu de Faro. Foi também um brilhante orador, colaborou na imprensa algarvia e fazia parte do júri de exames de admissão ao estágio no Liceu Pedro Nunes em Lisboa. A sua dedicação ao ensino valeu-lhe, em 1937, um louvor do Ministro da Educação Nacional.
Praceta José Júlio Rodrigues 1874-1946 – professor e escritor. Natural de Lisboa, estudou filosofia e depois, em Bruxelas, frequentou as Belas Artes. Dedicou-se ao ensino liceal e foi, durante alguns anos, reitor do Liceu de Faro. Na sua passagem pelo Algarve promoveu várias iniciativas culturais. Na imprensa regional e nos vespertinos lisboetas encetou uma campanha de proteção das ruínas romanas de Milreu.
Rua Jornal “O Correio do Sul” – Semanário de Faro fundado em 1920. Este topónimo foi atribuído por deliberação de Câmara de 16 de Maio de 1973, pretendendo-se a sua extensão de forma a cobrir a totalidade deste arruamento.

Em São Pedro:
Rua Roberto Nobre – 1903-1969 – cineasta. A paixão pelo cinema surgiu muito cedo e adquiriu uma câmara Emneman com a qual fez as primeiras experiências. Revelou-se logo aqui a sua criatividade. O Algarve e as suas tradições tornaram-se o seu laboratório de eleição. Dada a sua inteligência, na década de 20 tornou-se assistente de Albert Dunot trabalhando depois com Artur Costa de Macedo.
Praceta Júlio Rosa Bernardo – 1905-1946 – sindicalista. Não tinha estudos mas era um homem de sólida cultura. Foi para Lisboa como ajudante de Farmácia. As lutas políticas e as alterações sindicais ocupavam o seu dia a dia na capital.
Rua José Lorjó Tavares – 1857-1939 – dramaturgo e jornalista. Estudou em Faro e em Lisboa cedo revelou os seus talentos literários. Depressa se tornou um jornalista famoso como redator do “Correio da Noite”, colaborou com outros jornais.
Praceta António Augusto Santos – 1906-1987 – jornalista desportivo. Tinha apenas a instrução primária mas tornou-se um homem muito culto. Ainda jovem fundou o “Jornal do Barreiro” tendo colaborado com grandes escritores nacionais. Já em Faro cooperou com quase toda a imprensa algarvia. Escrevia também para jornais diários e foi durante mais de 30 anos correspondente do “Jornal de Notícias”. Foi também poeta e dramaturgo de grande talento e qualidade artística.
Rua Manuel Caetano de Sousa – 1891-1974 – militar e publicista. Natural de Beja ingressou aos 16 anos na vida militar como voluntário. Combateu na I Guerra Mundial onde teve ações de bravura e mérito que lhe valeram a condecoração com o Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo. Em 1918 fixa-se em Faro para continuar a sua carreira militar. Aqui fundou em 1922 o semanário “Moca…” que foi o primeiro e único órgão que declaradamente se assumia “para defesa do consumidor”. Foi Presidente da Junta Geral do Distrito onde se destacou na proteção das crianças. Fundou também o Sanatório Hospital para tuberculosos tendo salvo da morte centenas de pessoas.

Na Conceição de Faro:
Rua José Ferreira da Silva – 1870-1949 – jornalista e funcionário público. Natural de Loulé fixou-se em Faro ainda jovem onde se empregou como funcionário das Obras Públicas. Fundou, em março de 1908, em parceria com o Dr. Artur Aguedo Miranda e Luís Sepúlveda Pimentel Mascarenhas, o semanário “O Algarve”.
Praceta Cónego Jorge de Sousa – 1911-1998 – Pároco da Conceição de Faro. Natural de Aljezur, detentor do curso de teologia foi nomeado em 1937 Pároco encomendado da Conceição de Faro. Desde 1957 e até à data do seu falecimento foi sendo nomeado para elevados cargos dentro da diocese.
Rua Alfredo de Sousa Barão – 1916-2011 – fundador da Casa do Povo da Conceição de Faro. É reconhecido por todos, especialmente na freguesia da Conceição de Faro, como um bom homem que serviu sempre a freguesia que o viu nascer. Com talento reconhecido para as letras cedo começou a trabalhar. O seu feito maior, se assim o podemos dizer, foi a criação, em 1948 da Casa do Povo de Conceição de Faro. Alfredo Barão serviu de forma continuada, durante cerca de 80 anos, a sua freguesia, desempenhando as tarefas e diligências para o seu desenvolvimento. O Município distinguiu com a Medalha de Mérito, grau cobre na sessão solene do Dia do Concelho em 2011.

Na freguesia de Montenegro:
Jardim Antero Nobre – 1910-1997 – historiador e jornalista. Natural de Moncarapacho revelou ainda jovem o seu talento literário, mostrando-se um esforçado organizador de eventos culturais. Foi durante anos funcionário do Instituto Nacional das Actividades Económicas e aposentou-se por motivos de saúde. Na década de 50 foi Presidente da Câmara Municipal de Olhão. Foi um dos maiores impulsionadores do escutismo em Portugal. Nos finais dos anos 40 assumiu a direção do semanário farense “Correio do Sul”.

A autarquia tem feito um esforço com vista à regularização de situações que, de uma forma ou de outra, traziam problemas para moradores e para os serviços municipais.

Fonte: